Doença Coronariana e Glicemia: Novas Perspectivas

Posted by Unknown on 17:10
O American College of Cardiology publica importante trabalho científico comprovando a correlação entre a flutuação dos níveis de glicose e a vulnerabilidade da placa aterosclerótica em pacientes em tratamento com estatinas (classe de medicação utilizada para controle do colesterol sanguíneo).
Sabemos que o diabetes associa-se fortemente com doenças cardiovasculares sendo responsável pela morte de milhares de pacientes no mundo contemporâneo.

Os pesquisadores acreditam que a flutuação dos níveis de glicemia possa ser um fator tão importante quanto a dislipidemia (nível elevado de gordura no sangue) na doença aterosclerótica coronariana (acúmulo de placas de gordura no interior das artérias responsáveis pela irrigação do músculo cardíaco).

Os pacientes participantes do estudo foram divididos em grupos com dislipidemia com ou sem tratamento com estatinas. Foram submetidos a um procedimento de ultrassom intracoronariano com a análise do formato de suas placas ateroscleróticas (isto é, quantidade de necrose no interior da mesma e espessura de sua capa de fibrose).

A placa classificada como "vulnerável" e consequentemente mais suscetível a ocorrência de infarto do miocárdio é exatamente aquela com maior porcentagem de necrose em seu interior associado a uma capa de fibrose menos espessa.

Impressionantemente, aqueles pacientes com maior variação em seus níveis de glicemia apresentaram placas ateroscleróticas com maior porcentagem de necrose além de uma capa fibrosa mais fina.

A partir desses resultados concluíram que o controle da glicemia nesses pacientes pode ser um fator tão importante quanto o controle do colesterol com estatinas, um aspecto da doença que ainda não havia sido comprovado.

Esse estudo - conduzido por pesquisadores da Universidade de Tókio no Japão - traz aos nossos olhos as seguintes perspectivas:

#1. A despeito do controle da dislipidemia, variações na glicemia podem ser tão maléficas embora não se conheça o mecanismo exato dessa condição;
#2. A variação de glicemia é tão importante à vulnerabilidade da placa quanto o controle da dislipidemia;
#3. Detectar e controlar de forma precoce a glicemia nesses pacientes pode levar a estabilização da placa melhorando a evolução dessa doença.